O que esperar do mercado de IT para 2024? 

19 julho 2024

Portugal com a sua cultura vibrante, clima acolhedor e outrora conhecido apenas pelas suas paisagens deslumbrantes, emerge cada vez mais como um destino de destaque no mercado global de Tecnologias da Informação.

De acordo com o Global Talent Trends 2024, elaborado pela Mercer, são quatro as grandes tendências que se estão a revelar decisivas no atual panorama organizacional:

Nos últimos anos, o número de empresas e startups que procuram no nosso país um ambiente favorável ao crescimento e à inovação tem tido uma ascensão meteórica. Despercebidas muitas das vezes estão as tendências salariais e as condições de benefícios, que são um factor-chave para o sucesso dos colaboradores nestas empresas, possibilitando o crescimento e a sustentabilidade das mesmas.

A educação de elevado prestígio e qualidade, com universidades que se destacam não só nacional como internacionalmente, têm servido como base sólida para profissionais de IT altamente capacitados. Aliado a isto, os recentes governos têm implementado políticas estratégicas para promover a inovação e o empreendedorismo, criando um ambiente propício para o florescimento de startups e empresas tecnológicas. Para esta evolução, a transformação digital tem desempenhado um papel fundamental.

À medida que o mundo se torna cada vez mais conectado e dependente da tecnologia, Portugal tem acompanhado esta mudança de forma notável, implementado soluções inteligentes nas cidades e adoptando tecnologias disruptivas em sectores considerados tradicionais, como o turismo e a agricultura. Reflectindo sobre o panorama, Portugal pode ser considerado um dos países que faz o seu caminho para se tornar líder na era da revolução digital.

Posto isto, torna-se pertinente uma reflexão sobre os recursos que contribuem para esta evolução. A crescente procura por talento nas áreas de IT tem impulsionado as tendências salariais neste sector, indicando que as empresas estão dispostas a investir em talento qualificado para impulsionar a sua transformação e competitividade.

No entanto, este investimento não é constante e deve ser monitorizado. De acordo com um estudo da Mercer, o turnover na área de IT é um dos indicadores mais importantes para análises nas organizações e que varia em função de diversos factores.  Em Portugal, o mercado de IT é fértil em oportunidades e geralmente oferece salários mais altos em comparação com outras áreas, o que pode influenciar a decisão destes profissionais na procura de novas oportunidades.

Para lidar com este fenómeno é essencial que as organizações adoptem estratégias para analisar e criar medidas de retenção de talento, podendo isto envolver a melhoria das condições de trabalho, a oferta de benefícios atractivos, o investimento em programas de desenvolvimento profissional ou criação de um ambiente de trabalho saudável e motivador. Nos últimos anos o indicador de turnover voluntário situou-se em níveis médios de 14%, sendo de 13% no ano de 2023. Neste sentido, observa-se uma aproximação ao valor de mercado na ordem dos 11%.

Ainda no contexto da análise da rotatividade e da capacidade de as organizações reterem o seu talento, no que diz respeito à permanência dos colaboradores nas organizações tecnológicas, um indicador crucial para avaliar a estabilidade organizacional de qualquer sector, verificamos que nos últimos três anos tem-se mantido num valor próximo de 38% a percentagem dos colaboradores com antiguidade na empresa igual ou inferior a três anos.

No que diz respeito à retenção de talentos, um dos maiores desafios que as empresas tecnológicas enfrentam com a contínua procura por estes profissionais é encontrar maneiras de fixar internamente os talentos e evitar a perda dos mesmos. As famílias de funções nas quais verificamos que existe uma maior dificuldade de retenção são de Telecom & Internet, Data Analytics/Warehousing & Business Intelligence e, por fim, Engineering & Science.

Aqui temos assistido a uma tendência crescente para a personalização de benefícios, sendo cada vez mais a flexibilidade e a adequação dos pacotes salariais às necessidades dos colaboradores tidas em conta. Neste sentido, a atribuição de bónus variáveis está muito presente nas empresas de IT (83%), tanto nos níveis mais juniores, como em níveis mais seniores. Relativamente aos benefícios, o seguro de saúde continua a ser o benefício com prevalência mais elevada (94%). Temos assistido a um aumento de empresas que disponibilizam viatura (78%), que apresentam algum tipo de apoio em despesas relacionadas com educação (48%) e descontos em diversos tipos de produtos (72%). Quanto aos benefícios flexíveis, das empresas analisadas, 20% oferecem este tipo de benefícios.

Quanto ao tópico dos aumentos salariais, um dos grandes desafios que Portugal enfrenta desde 2022 é a inflação. Este é um dos principais factores que afecta a concepção dos orçamentos para aumentos salariais em vigor para cada ano. Prevê-se que ao longo deste ano a inflação assista a uma diminuição, em parte provocado pelos preços da energia e por aumentos menores dos preços dos bens alimentares, sendo esperado um valor na casa dos 2,3%*.

Para o ano de 2024, no sector IT, é esperado um aumento salarial médio na casa dos 5,8%, tendência que se tem verificado crescente desde 2022 e 2023, com 3,25% e 3,9% de incrementos médios respetivos. Também no mercado geral assistimos a um crescimento médio da percentagem de incrementos desde 2022, obstante de tais incrementos serem inferiores face às organizações de IT. No ano de 2022 os incrementos médios no mercado geral rondaram os 2,3% e para 2024 espera-se uma ordem de grandeza na casa dos 4,2%.

Mais recentemente surgiram novos tópicos nas agendas das organizações, como é o caso da equidade salarial entre géneros. Torna-se fundamental, e acima de tudo legal, que as empresas adoptem políticas e práticas que garantam salários justos e iguais para todos os colaboradores. Em termos de representatividade nas empresas tecnológicas, a diferença entre géneros continua a ser bastante notória, com o género masculino a representar cerca de 60%** da força de trabalho.

 

Leia o artigo na integra aqui.

Sobre o(s) autor(es)
Rui Abrantes

HR Rewards consultant, Mercer Portugal

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