E se os bónus dos executivos de topo dependessem de critérios ESG?
A remuneração variável (bónus) dos membros de Conselhos de Administração é, por norma, um tema sensível e alvo de um enorme escrutínio nos media e de um impacto significativo na opinião pública, seja pelos montantes que a remuneração desta tipologia de funções e responsabilidades podem representar, quer pelos critérios de avaliação utilizados.
Por outro lado, a consciencialização das organizações relativamente a questões ambientais, sociais e de governança (sigla ESG em inglês) está cada vez mais presente em todos os sectores de atividade, e os rácios entre a remuneração executiva e a média das remunerações é um indicador muito observado quando se observam critérios de equidade e fair pay.
Nesta perspetiva, por que não incorporar métricas relacionadas com ESG para efeitos de remuneração variável dos administradores executivos? Esta é uma tendência que observamos no mercado em clara expansão.
A inclusão deste tipo de indicadores tem-se acentuado nos últimos anos, verificando-se, no entanto, mais incidência em países onde existe uma maior pressão exercida por parte dos acionistas, investidores, reguladores, clientes e até mesmo dos colaboradores. Em certos mercados, como o alemão e o francês, existem inclusive requisitos de carácter obrigatório por parte do regulador para que as organizações cotadas em bolsa considerem os temas de sustentabilidade, responsabilidade social e ambiental aquando da construção de modelos de remuneração variável de membros executivos. Posto isto, a forma mais óbvia das organizações poderem dar resposta a esta obrigatoriedade é através da integração de objetivos ESG no sistema de remuneração variável.
O que pensam os colaboradores das organizações sobre este tema? A mensagem é clara: com base no estudo Global Talent Trends da Mercer, em 2022, mais de 90% dos colaboradores esperam que as suas empresas (e os seus executivos) tenham objetivos relacionados com a sustentabilidade; por outro lado, um quarto dos executivos reconhece que o foco na sustentabilidade é um fator diferenciador pela positiva para a gestão de talento, podendo ter um papel relevante na capacidade de atracão e de retenção de talentos para a organização. No entanto, para além da sustentabilidade, indicadores relacionados com o S (de “ESG”), representando a componente social, têm sido cada vez mais adotados, principalmente relacionados com métricas de DEI (Diversity, Equity & Inclusion).
Assim, de que forma as organizações devem agir quando não existe esta obrigatoriedade? Para já, observamos uma maior adesão por parte das empresas de maior dimensão, derivada da sua maior exposição e impacto, e um sinal inequívoco de que querem transmitir à sociedade sobre o seu propósito, missão e compromisso. No entanto, em termos de resultados, muitos CEOs ainda têm a crença limitadora de que o impacto da estratégia de ESG na sua empresa pode reduzir a performance financeira, quando diversos indicadores comprovam que as organizações comprometidas com uma estratégia de sustentabilidade têm também, regra, resultados que se destacam.
É, no entanto, muito importante garantir um equilíbrio apropriado na forma como as organizações implementam este tipo de indicadores nos seus modelos de remuneração executiva.
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