Conversas desafiadoras e crescimento profissional: uma abordagem construtiva 

22 maio 2024

Quantos de nós já foram “apanhados de surpresa” com uma conversa difícil? Quantos de nós fugiram de tê-las ou procuraram argumentos que nos convençam a evitar o confronto directo? Lidar com conversas desafiadoras pode ser uma tarefa complicada, mas é essencial para o crescimento pessoal e profissional.

Sabemos que nem sempre é fácil ou motivador promover uma conversa desafiadora. No entanto, evitar essas conversas ou lidar com as mesmas de forma ineficaz pode levar a resultados negativos no processo de interacção pessoal e profissional. Estudos indicam que 50% a 70% dos colaboradores evita conversas difíceis com o seu manager, colegas ou equipa. Existem, por isso, três principais abordagens que costumamos adoptar ao enfrentar conversas decisivas: evitar; enfrentar sem eficácia; ou enfrentar com eficácia.

Evitar a conversa pode parecer a opção mais fácil a curto prazo, mas pode levar a problemas maiores a longo prazo. O custo pode representar um impacto significativo no negócio e na forma como as pessoas experienciam o seu trabalho, nomeadamente no reforço de um ambiente tóxico; níveis mais baixos de produtividade; desvalorização dos problemas; menor agilidade; entre outros. Por outro lado, enfrentar a conversa sem eficácia pode resultar em reacções impulsivas, elevação do tom de voz ou dizer coisas das quais nos arrependemos posteriormente. Estima-se que cada conversa que falha pode custar a uma organização 7500 dólares e mais de sete dias de trabalho (in CCP Global, 2008. Human Capital Report). Por conseguinte, mesmo que enfrentar uma conversa com eficácia possa trazer inúmeros desafios, é considerada a abordagem mais construtiva.

Vamos explorar a importância de encarar essas conversas e partilhar as principais estratégias para o sucesso.

  1. Procure gerir o sentimento potencial de perda
    Os enviesamentos cognitivos influenciam o nosso comportamento. A aversão à perda, por exemplo, é a nossa tendência em evitar perdas a todo o custo, mesmo que isso signifique perder oportunidades de ganho. Este enviesamento pode afectar a forma como abordamos conversas difíceis, pois receamos possíveis consequências negativas, como conflitos, rejeição ou perda de relacionamentos. Uma das primeiras estratégias será tomar consciência desses enviesamentos e compreender quais são objetcivos e necessidades pessoais para aquela conversa.
  2. Compreenda e aceite as suas vulnerabilidades
    É importante reconhecer a importância de ter coragem para enfrentar conversas difíceis. Brené Brown, professora e investigadora reconhecida, destaca a vulnerabilidade como uma componente essencial para ter conversas autênticas e significativas. Nas suas pesquisas, descobriu que a vulnerabilidade é a base para a conexão humana e que é necessária coragem para expressar os nossos verdadeiros sentimentos e necessidades. Além disso, Brown enfatiza a importância da empatia e da escuta activa durante as conversas difíceis. Colocar-se no lugar do outro e procurar compreender as suas perspectivas e experiências pode ajudar a criar um ambiente de compreensão e respeito mútuo.  Para isso, no momento da conversa é essencial ter a capacidade de dominar “a minha história”, garantindo que vou além da simples apresentação de factos, com a partilha de narrativas pessoais e conclusões, abrindo espaço para a visão do outro.
  3. Assuma uma postura de empatia

    A comunicação eficaz, a compreensão das emoções envolvidas, a empatia e a autenticidade são aspectos-chave destacados por diversos autores que têm explorado estratégias e técnicas para lidar com conversas difíceis de forma construtiva.

    Durante esses momentos, a nossa capacidade de comunicação e resolução de conflitos é desafiada. É fundamental aprender a observar o momento em que a conversa se torna decisiva, os potenciais problemas de segurança e o próprio comportamento perante o stress. Deveremos reconhecer que nem sempre lidamos com essas conversas da melhor forma, o que pode levar a resultados indesejados. Nesse sentido, é imprescindível criar um ambiente seguro para o diálogo, através da exploração das opiniões do outro, com perguntas abertas e escuta activa, demonstrando interesse genuíno pelo racional/ perspectiva do outro.

  4. Reflicta sobre a sua gestão emocional e a dos outros

    Para lidar eficazmente com conversas decisivas, é essencial prepararmo-nos emocional e intelectualmente. Devemos compreender e reconhecer as nossas próprias emoções e opiniões, permitindo-nos sentir e processar o que surge. É igualmente importante praticar a autorregulação emocional, evitando reacções impulsivas. Além disso, devemos cultivar a empatia, procurando compreender melhor as emoções e perspectivas da outra pessoa, através de habilidades de comunicação como ouvir activamente, expressar-se de forma clara e respeitosa, e procurar soluções colaborativas. Por fim, é fundamental estabelecer processos de tomada de decisão, definindo responsabilidades, documentando compromissos e monitorizando o progresso.

    Assim, compreender os objectivos e necessidades pessoais, dominar a arte de contar histórias e criar um ambiente seguro para valorizar as opiniões dos outros são fundamentais para ter conversas decisivas bem-sucedidas. Ao estabelecer processos de tomada de decisão claros e construir relações mais fortes, estamos a inspirar mudanças positivas e a construir um futuro de sucesso e colaboração.

    Leia o artigo na integra aqui.

Sobre o(s) autor(es)
Mafalda Salema Garção
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