Mercer divulga a 16.ª edição anual do “Índice Mundial de Pensões”
Portugal, 15 outubro 2024
O Índice Mundial de Pensões 2024 da Mercer e do CFA Institute destaca a necessidade de melhorias no sistema de previdência, dada a quebra na natalidade e o aumento da longevidade da população
- O Índice Mundial de Pensões 2024 da Mercer e do CFA Institute avalia comparativamente os sistemas de pensões a nível mundial.
- Os Países Baixos mantêm o primeiro lugar no ranking mundial dos sistemas de pensões. Portugal ocupa a 22.ª posição em 48 países avaliados, com a sétima classificação mais baixa no subíndice ‘Sustentabilidade’.
- As principais sugestões de melhorias para o sistema de pensões em Portugal são: aumento da cobertura dos sistemas de pensões privados, redução gradual dos níveis de dívida pública e de despesa com pensões públicas.
Lisboa, 15 de outubro de 2024 – A Mercer, empresa do Grupo Marsh McLennan, e o CFA Institute divulgam hoje a 16.ª edição anual do ‘Índice Mundial de Pensões (MCGPI)’. O sistema de pensões dos Países Baixos mantém a primeira posição, com a Islândia e a Dinamarca a ocuparem a segunda e terceira posições, respetivamente.
Portugal ocupa a 22.ª segunda posição, tendo obtido a sétima classificação mais baixa no subíndice ‘Sustentabilidade’, pontuando apenas 34.6 neste parâmetro. Ainda assim, com uma pontuação global de 66.9, obteve a quinta e oitava classificações mais elevadas no subíndice ‘Adequação’ (83.4) e ‘Integridade’ (85.7), respetivamente. O índice atribui ao sistema de pensões português o grau ‘B’ enquanto nota geral, o que significa que dispõe de uma estrutura sólida, com diversas caraterísticas positivas, mas com algumas áreas a melhorar.
O estudo identifica um conjunto de possíveis pontos de melhoria para os diferentes países, destacando para Portugal a necessidade de, por um lado, existir um aumento no valor das pensões relativas aos sistemas privados, implicando um acréscimo do nível de contribuições e do montante de ativos alocados a estes sistemas. E, por outro lado, uma redução gradual dos níveis de dívida pública e de despesa com pensões públicas.
Face ao ano passado, o valor do índice português diminuiu ligeiramente de 67.4, em 2023, para 66,9, em 2024.
“Perante o decréscimo da natalidade e o aumento da esperança média de vida, os sistemas de previdência estão no centro das atenções”, comenta Cristina Duarte, Principal da Mercer. “Garantir um forte alinhamento entre os regimes de pensões públicos e privados, alargar a cobertura dos colaboradores e incentivar uma maior participação da força de trabalho para aqueles que desejam trabalhar em idades mais avançadas, são apenas algumas das estratégias que permitirão melhorar a realidade dos pensionistas a longo prazo”.
Ajudar os subscritores de planos de contribuição definida a obterem melhores resultados
Mundialmente, os sistemas de pensões estão a afastar-se cada vez mais do tipo de planos de benefício definido e a mudar para regimes de contribuição definida. O relatório explora as oportunidades e os desafios associados aos planos de contribuição definida, não só para os sistemas de pensões, mas também para os próprios pensionistas.
“A mudança para sistemas de pensões de contribuição definida traz consigo diversos desafios do ponto de vista do planeamento financeiro – desafios esses que recaem diretamente sobre os futuros pensionistas, afirma Margaret Franklin, CFA e Presidente e CEO do CFA Institute. “Os planos de pensões de contribuição definida pressupõem decisões financeiras complexas, sendo que muitas pessoas não estão devidamente preparadas para as tomar. O índice evidência assim as lacunas que ainda persistem no âmbito da segurança financeira a longo prazo. Esta necessidade de apoio credenciado, por parte de consultores financeiros, fez com que fossem lançadas novas iniciativas dedicadas à gestão de património privado, com o intuito de colmatar estas falhas”.
A par desses desafios, à medida que a esperança média de vida aumenta, o aumento da flexibilidade e personalização oferecida pelos planos de contribuição definida é fundamental. O conceito de reforma está a mudar, pelo que muitas pessoas estão já a transitar gradualmente para a reforma ou a reingressar no mercado de trabalho numa perspetiva diferente da sua reforma inicial.
“São necessárias reformas significativas nos sistemas de pensões que permitam ir ao encontro das necessidades financeiras dos pensionistas e das suas expectativas de trabalho”, sublinha Cristina Duarte, da Mercer. “Não existe uma solução única para solidificar os sistemas de pensões. Agora é o momento para governos, legisladores, responsáveis pelos sistemas de pensões e empresas unirem esforços e garantirem que a população mais velha é tratada com dignidade e que mantém um estilo de vida semelhante ao que tinha durante a sua vida ativa”.
Índice Mundial de Pensões 2024 da Mercer e do CFA Institute em números
Os Países Baixos obtiveram o valor mais elevado do índice (84,8), seguindo-se a Islândia (83,4) e a Dinamarca (81,6). O sistema de pensões dos Países Baixos continua a ser o melhor, encontrando-se a transitar de um sistema de benefício definido para uma abordagem mais individual de contribuição definida. O sistema apresenta também uma forte regulamentação e oferece orientação sobre as respetivas pensões.
O Índice utiliza a média ponderada dos subíndices de Adequação, Sustentabilidade e Integridade. Em cada subíndice, os sistemas com os valores mais altos foram os Países Baixos, com 86,3 em Adequação, a Islândia, com 84,3 em Sustentabilidade, e a Finlândia, com 90,8 em Integridade.
O aumento da longevidade, as elevadas taxas de juro e os custos crescentes dos cuidados de bem-estar têm exercido maior pressão sobre os orçamentos governamentais relativos aos sistemas de pensões, o que justifica as pontuações ligeiramente mais baixas, por comparação com as edições anteriores do MCGPI. Diversos sistemas, incluindo o da China, México, Índia e França, têm realizado reformas nas pensões nos últimos anos. As reformas mais recentes na China, anunciadas em setembro, não estão refletidas na pontuação do respetivo índice.
Índice Mundial de Pensões 2024 da Mercer e do CFA Institute
Sistema |
Nota Geral |
Total |
Adequação |
Sustentabilidade |
Integridade |
Países Baixos |
A |
84.8 |
86.3 |
81.7 |
86.8 |
Islândia |
A |
83.4 |
82.0 |
84.3 |
84.4 |
Dinamarca |
A |
81.6 |
84.0 |
82.6 |
76.3 |
Israel |
A |
80.2 |
75.7 |
82.6 |
84.1 |
Singapura |
B+ |
78.7 |
79.8 |
74.3 |
83.0 |
Austrália |
B+ |
76.7 |
68.4 |
79.5 |
86.1 |
Finlândia |
B+ |
75.9 |
77.0 |
64.2 |
90.8 |
Noruega |
B+ |
75.2 |
77.2 |
63.6 |
88.3 |
Chile |
B |
74.9 |
71.2 |
70.9 |
86.5 |
Suécia |
B |
74.3 |
75.2 |
73.7 |
73.6 |
Reino Unido |
B |
71.6 |
75.7 |
61.5 |
79.3 |
Suíça |
B |
71.5 |
66.0 |
71.4 |
80.4 |
Uruguai |
B |
68.9 |
84.0 |
46.6 |
76.1 |
Nova Zelândia |
B |
68.7 |
64.8 |
64.9 |
80.2 |
Bélgica |
B |
68.6 |
81.8 |
40.1 |
87.4 |
México |
B |
68.5 |
73.8 |
63.4 |
67.1 |
Canadá |
B |
68.4 |
67.0 |
63.8 |
77.1 |
Irlanda |
B |
68.1 |
73.6 |
52.8 |
80.5 |
França |
B |
68.0 |
84.8 |
43.4 |
75.7 |
Alemanha |
B |
67.3 |
81.1 |
45.8 |
75.3 |
Croácia |
B |
67.2 |
66.8 |
57.4 |
81.7 |
Portugal |
B |
66.9 |
83.4 |
34.6 |
85.7 |
Emirados Árabes Unidos |
C+ |
64.8 |
77.1 |
43.3 |
75.3 |
Cazaquistão |
C+ |
64.0 |
45.8 |
73.1 |
80.4 |
Hong Kong SAR |
C+ |
63.9 |
51.5 |
61.1 |
87.5 |
Espanha |
C+ |
63.3 |
82.9 |
30.7 |
77.6 |
Colômbia |
C+ |
63.0 |
63.9 |
57.4 |
69.5 |
Arábia Saudita |
C+ |
60.5 |
61.1 |
58.0 |
62.9 |
Estados Unidos da América |
C+ |
60.4 |
63.9 |
58.4 |
57.5 |
Polónia |
C |
56.8 |
59.2 |
45.2 |
69.4 |
China |
C |
56.5 |
65.2 |
37.8 |
69.1 |
Malásia |
C |
56.3 |
44.5 |
54.6 |
77.4 |
Brasil |
C |
55.8 |
70.4 |
31.0 |
67.3 |
Botsuana |
C |
55.4 |
39.7 |
52.0 |
85.2 |
Itália |
C |
55.4 |
68.2 |
25.1 |
77.2 |
Japão |
C |
54.9 |
57.1 |
47.1 |
62.1 |
Perú |
C |
54.7 |
55.3 |
46.9 |
64.7 |
Vietname |
C |
54.5 |
56.8 |
41.3 |
69.3 |
Taiwan |
C |
53.7 |
46.2 |
51.9 |
68.2 |
Áustria |
C |
53.4 |
67.2 |
22.0 |
75.2 |
Coreia do Sul |
C |
52.2 |
40.5 |
52.4 |
70.5 |
Indonésia |
C |
50.2 |
38.1 |
50.4 |
69.3 |
Tailândia |
C |
50.0 |
50.2 |
43.8 |
58.2 |
África do Sul |
D |
49.6 |
34.7 |
48.0 |
75.7 |
Turquia |
D |
48.3 |
48.3 |
32.2 |
70.8 |
Filipinas |
D |
45.8 |
41.7 |
63.4 |
27.7 |
Argentina |
D |
45.5 |
61.5 |
29.4 |
42.3 |
Índia |
D |
44.0 |
34.2 |
44.9 |
58.4 |
Sobre o Índice Mundial de Pensões 2024 da Mercer e do CFA Institute (MCGPI)
O MCGPI avalia comparativamente os sistemas de pensões de reforma a nível mundial, sugerindo possíveis reformas que poderiam implicar benefícios de reforma mais adequados e sustentáveis. Este ano, o Índice Mundial de Pensões compara 48 sistemas de pensões mundiais – incluindo pela primeira vez o Vietname – e abrange 65% da população mundial.
O Índice Mundial de Pensões de 2023 incluiu três novos sistemas de pensões – Botsuana, Croácia e Cazaquistão. O Índice Mundial de Pensões é um projeto de investigação colaborativo copatrocinado pelo CFA Institute e a Mercer, tendo o apoio do Monash Centre for Financial Studies (MCFS), parte da Monash Business School na Monash University. Para mais informações sobre o Índice Mundial de Pensões Mercer CFA Institute 2024, clique aqui.