Estudo MMB Health Trends 2024 

Portugal, 04 dezembro 2023

  • A tendência dos gastos em saúde está já a superar os níveis pré-pandemia: em 2023, a taxa global irá alcançar os 12,4%.
  • A saúde mental constitui o 4.º risco mais elevado a nível mundial, continuando a verificar-se lacunas nas coberturas.
  • Na Europa, 73% das empresas consideram que, por comparação com o período pré-pandemia, a acessibilidade ao setor de saúde público piorou, com 48% a destacarem a mesma tendência no âmbito da qualidade.
  • Dados revelam diferenças acentuadas na perceção das seguradoras entre a qualidade do serviço de saúde público e privado.
  • Mais de dois terços dos inquiridos esperam que o recurso à Inteligência Artificial tenha um impacto transformador nos cuidados de saúde prestados pelas organizações.

 

Os níveis de custos com saúde superiores aos registados no período pré-pandemia e a necessidade de encontrar um equilíbrio entre a contenção de custos, face aos efeitos da inflação, e as prioridades dos colaboradores, com os seguros de saúde a serem cada vez mais uma ferramenta de atração e retenção de talento, são algumas das tendências identificadas no estudo “MMB Health Trends 2024”, na hora de as empresas decidirem rever os planos de saúde para 2024.

Desenvolvido pela Mercer Marsh Benefits (MMB), o estudo inquiriu 223 seguradoras de 58 países para identificar as principais tendências futuras dos cuidados de saúde assegurados pelas empresas. Aumento dos custos médicos por pessoa, que superam já os níveis pré-pandémicos; escassez de competências e consequente transformação dos serviços de saúde; necessidade de contenção de custos; persistência de lacunas nas coberturas dedicadas a saúde mental e à saúde feminina e necessidade de maior rigor na gestão do plano de saúde são as principais tendências identificadas neste estudo.

 “As tendências apresentadas neste relatório são valiosas para as empresas que estão a desenhar planos de saúde e de benefícios para satisfazer as necessidades dos seus colaboradores. As práticas das seguradoras, a linguagem das apólices, a flexibilidade, a vontade de inovar e o acesso a grandes conjuntos de dados sobre sinistros conferem-lhes um papel fundamental na definição do futuro dos benefícios dos colaboradores. Mas as empresas devem também moldar os benefícios para satisfazer as necessidades da sua própria força de trabalho, bem como antecipar, conter e mitigar os riscos”, afirma Miguel Ros Galego, Business Leader da Mercer Marsh Benefits Portugal.

 

1)   Tendência dos gastos em saúde nos seguros supera os níveis pré-pandemia

Em 2021 e 2022, a tendência dos gastos em saúde alcançou uma taxa global de 10,1%, próxima da registada em 2018 e 2019 (9,7%). Agora, a tendência dos gastos em saúde está já a superar os níveis pré-pandemia. De acordo com o estudo, a região Médio Oriente e África é a única que continua a registar um valor ligeiramente abaixo ao registado em 2019.

Os dados revelam que, em 2023, a taxa global irá alcançar os 12,4%, com 86% das empresas a afirmarem que a inflação teve um impacto significativo ou muito significativo muito nesta evolução. Ainda que se estime um decréscimo da taxa global para os 11,7% em 2024, nomeadamente devido à previsão de abrandamento da crise inflacionária, o valor deverá continuar a ser superior ao registado nos anos pré-pandemia.

Com o cancro no topo da lista de custos em saúde e com a saúde mental a ser considerada o quarto risco mais elevado a nível mundial, o estudo sublinha a necessidade de as empresas priorizarem e concentrarem os seus esforços em medidas preventivas e em soluções mais inovadoras para apoiar os colaboradores.

“As organizações devem preparar-se para um aumento da tendência dos custos em saúde, não esquecendo a importância do equilíbrio entre o lado financeiro e a gestão de pessoas. Num mercado de trabalho pressionado, os planos de saúde continuam a ser um importante fator distintivo. É necessário ouvir os colaboradores e priorizar os benefícios e programas que mais valorizam”, afirma Miguel Ros Galego.

 

2)   Sistemas de saúde em transformação devido à rutura causada pela escassez de competências

Nos últimos três anos, os sistemas de saúde públicos foram sujeitos a uma pressão sem precedentes devido à pandemia e a outros fatores, nomeadamente ações coletivas e escassez de competências. Esta pressão começa agora a fazer-se sentir, com diferenças significativas na perceção das seguradoras entre a qualidade do serviço de saúde público e privado.

Na Europa, 73% das empresas consideram que, por comparação com o período pré-pandemia, a acessibilidade ao setor de saúde público piorou, com 48% a afirmarem que o mesmo se verifica na qualidade. Pelo contrário, 28% e 40% consideram que a acessibilidade e a qualidade, respetivamente, do serviço de saúde privado melhorou.

De forma a minimizar estas diferenças, o estudo destaca o potencial das ferramentas virtuais e da telemedicina para contribuírem para a melhoria do serviço de saúde. Contudo, as seguradoras revelam-se ainda indecisas quanto ao impacto destas estratégias.

 

3)   Seguradoras respondem à necessidade de contenção de custos e oferecem opções para as empresas efetuarem alterações nos planos de saúde

O impacto das tendências dos custos médicos e da escalada da inflação constituem a principal preocupação tanto para as seguradoras como para os responsáveis pela gestão dos planos de saúde das empresas. Neste âmbito, o estudo sublinha a importância de as empresas garantirem a acessibilidade económica dos planos que oferecem aos seus colaboradores. De forma a anteciparem as tendências, torna-se igualmente importante a monitorização das experiências de sinistros ao longo do tempo, bem como compreender os fatores mais importantes para os colaboradores e criar um plano estratégico para gerir os custos a longo prazo.

Perante o impacto da escassez de competências em diversos setores, o estudo destaca o importante contributo da qualidade dos planos de saúde para o cumprimento dos objetivos de crescimento das empresas. Neste sentido, mais de metade (57%) das seguradoras acreditam que os empregadores darão prioridade às melhorias dos planos para ajudar a atrair, reter e envolver os colaboradores em detrimento da contenção de custos. Esta percentagem sobe para 63% na Europa e para 74% na América Latina e nas Caraíbas, regiões que acreditam que as melhorias nos planos de saúde terão prioridade sobre um movimento de redução da cobertura.

Ainda que a transferência de custos para os trabalhadores seja uma opção pouco atrativa, o estudo sugere que será inevitável alguma partilha de custos. Esta medida deve ser combinada com uma comunicação mais eficaz e cuidados preventivos.

As seguradoras também estão concentradas na Inteligência Artificial para apoiar a futura contenção de custos, por exemplo, através da deteção de fraudes, desperdícios e abusos. 44% das seguradoras a nível global estão a considerar a introdução desta funcionalidade, aumentando para 60% no Médio Oriente e em África.

“Face aos desafios apresentados, torna-se fundamental que as empresas discutam proativamente a contenção de custos com as suas seguradoras, de forma a certificarem-se de que características como as franquias e os limites de tratamento são realistas, ter em conta a inflação e certificarem-se de que as características de partilha de custos, como os copagamentos, são revistas regularmente”, comenta Miguel Ros Galego.

 

4) Continuam a persistir disparidades em matéria de saúde mental, saúde das mulheres e prestações sociais inclusivas

A modernização dos planos está a incluir mais benefícios de saúde digitais. Os serviços de cuidados virtuais ou de telemedicina são atualmente uma parte normal das ofertas da maioria das seguradoras. 69% das seguradoras a nível mundial oferecem telemedicina, sendo que 78% o fazem na Europa e 82% na América Latina.

As seguradoras estão a tornar-se mais conscientes das necessidades emergentes, como o combate à desinformação sobre a saúde, o que exige também uma gestão coordenada através dos empregadores.

As aplicações e indumentária tecnológica para autogestão do bem-estar ou de condições específicas são uma parte crescente dos planos de modernização das seguradoras, com 43% das seguradoras a nível mundial a considerar a sua introdução. Ásia, América Latina e Caraíbas são regiões particularmente fortes na adoção destas tecnologias, com 75% e 80%, respetivamente, a oferecerem ou a considerarem a sua introdução.

Existem ainda lacunas significativas nos cuidados de saúde, especialmente no que diz respeito à saúde das mulheres/reprodutiva e ao apoio à saúde mental, e a cobertura é variável nas diferentes regiões.

Os principais benefícios relacionados com a saúde mental oferecidos pelas seguradoras centram-se nos serviços tradicionais, como o aconselhamento, o tratamento em regime de internamento e a cobertura de medicamentos sujeitos a receita médica. A cobertura de sessões de aconselhamento psicológico e/ou psiquiátrico (69%) e o tratamento em regime de internamento (62%) são os serviços mais oferecidos. A cobertura de aconselhamento é mais abrangente na América Latina e nas Caraíbas, onde 32% das seguradoras que oferecem cobertura proporcionam sessões ilimitadas e 39% oferecem mais de 20.

Existem lacunas entre os serviços que os trabalhadores consideram úteis e os serviços prestados pelas seguradoras. Por exemplo, o estudo “Health on Demand 2023” da Mercer revelou que 44% dos colaboradores considerariam úteis, para eles ou para as suas famílias, serviços direcionados para crianças, adolescentes e pais, para apoiar a saúde mental dos jovens, a socialização e questões de aprendizagem. O inquérito “Health Trends 2024” revelou que apenas 35% das seguradoras oferecem atualmente estes serviços. Poucos planos oferecem um apoio significativo aos colaboradores que precisam de terapia contínua. Embora 69% das seguradoras em todo o mundo digam que cobrem sessões de aconselhamento psicológico e/ou psiquiátrico, na prática, 52% delas cobrem apenas 10 sessões ou menos.

A cobertura das prestações de saúde das mulheres continua a ser esporádica e varia consoante as regiões geográficas. Por exemplo, 64% das seguradoras na Ásia não oferecem acesso e cobertura contracetiva, em comparação com apenas 33% na América Latina e nas Caraíbas. Quase um quarto (24%) das seguradoras em todo o mundo não oferece cuidados pós-parto, o que faz com que as mulheres que têm esses planos tenham de receber esses cuidados através do sistema público ou não os recebam.

"Os problemas de saúde das mulheres são universais, mas existem desigualdades significativas a nível social, financeiro e do sistema de saúde que devem ser resolvidas em todas as regiões. As organizações que procuram melhorar a equidade de género no local de trabalho podem querer avaliar as lacunas nos seus próprios locais de trabalho e a forma como os seguros podem ajudar a reduzi-las", aponta Miguel Ros Galego.

Como nota final, a MMB deixa cinco recomendações relativamente ao planeamento e gestão de benefícios de saúde:

  • Atualizar a estratégia de benefícios à luz da transformação do sistema de saúde, da evolução das necessidades dos colaboradores, das lacunas generalizadas e das pressões sobre os custos.
  • Melhorar a prevenção, diagnóstico, tratamento e os pilares de apoio no local de trabalho para as doenças não transmissíveis, como o cancro.
  • Pensar em soluções digitais para riscos crescentes, como riscos ergonómicos, temperaturas extremas e saúde mental.
  •  Monitorizar o impacto da tecnologia disruptiva e dos avanços na saúde nos benefícios e nos cuidados de saúde em geral.
  •  Ser um catalisador para promover opções de gestão de custos que melhorem a qualidade e o custo dos cuidados de saúde.

 

Sobre o Estudo / Notas para os editores

A Mercer Marsh Benefits (MMB) inquiriu 223 seguradoras em 58 países de forma a identificar as tendências que moldam os cuidados de saúde para colaboradores e produzir o estudo “Health Trends”. Este survey foi aplicado durante o mês de agosto.

É importante que as organizações considerem estas tendências na medida em que a contenção de custos será uma das pressões a ocorrer em 2024. Contudo, ao mesmo tempo, os benefícios para colaboradores continuarão a ser um elemento importante para atrair, e reter talento num ambiente altamente competitivo.

Os dados apresentados neste relatório foram recolhidos durante o mês de agosto de 2023. Equipas locais nos diferentes países reviram os custos médicos submetidos pelas seguradoras através dos seus próprios dados, outros estudos locais e através de assessment subjetivos. Esta revisão fez com que alterássemos algumas das estivas dadas pelas seguradoras.

Por motivos de confidencialidade, não podemos divulgar a lista de entidades seguradoras que participaram neste estudo. Aquelas que nos deram o seu consentimento, estarão indicadas no Apêndice B deste relatório. Em termos de contexto, as seguradoras convidadas a participar são as consideradas como maiores em cada mercado.

 

Sobre a Mercer Marsh Benefits

A Mercer Marsh Benefits oferece aos clientes uma fonte única para gerir os custos, os riscos pessoais e as complexidades dos benefícios dos colaboradores. A rede é uma combinação de especialistas da Mercer e da Marsh que trabalham em 130 países para desenvolver soluções locais com base na experiência global. A Mercer e a Marsh são empresas da Marsh McLennan (NYSE: MMC), a empresa líder mundial em serviços profissionais nas áreas de risco, estratégia e pessoas, com mais de 85.000 colaboradores e uma faturação anual superior a 20 mil milhões de dólares. Através dos seus negócios líderes de mercado, incluindo a Guy Carpenter e a Oliver Wyman, a Marsh McLennan ajuda os clientes a navegar num ambiente cada vez mais dinâmico e complexo. Para mais informações, visite marshmclennan.com, ou siga-nos no LinkedIn e X.

 

Sobre a Mercer

Mercer acredita na construção de futuros mais brilhantes através da redefinição do mundo do trabalho, da melhoria dos resultados em pensões e investimento e da promoção da saúde e bem-estar das pessoas. A Mercer tem aproximadamente 25.000 colaboradores em 43 países e opera em 130 países. A Mercer é uma subsidiária da Marsh McLennan (NYSE: MMC), a empresa líder global em serviços profissionais nas áreas de risco, estratégia e pessoas, com mais de 85.000 colaboradores em todo o mundo e com receitas anuais de mais de 20 mil milhões de dólares.  Ajuda os seus clientes a navegar num ambiente cada vez mais dinâmico e complexo através de quatro empresas líderes de mercado: MarshGuy Carpenter e Oliver Wyman. Para mais informações, visite www.mercer.com/pt-pt ou siga-nos Facebook e X.

 

Sobre a Marsh

Marsh é líder mundial em corretagem de seguros e consultoria de risco. Com cerca de 45,000 colaboradores a operar em 130 países, a Marsh presta serviços a clientes comerciais e individuais com soluções de risco baseadas em dados e serviços de consultoria. A Marsh é uma empresa do grupo Marsh McLennan (NYSE: MMC), líder mundial em serviços profissionais nas áreas de risco, estratégia e pessoas. Com uma receita anual de cerca de 20 mil milhões de dólares, a Marsh McLennan ajuda os seus clientes a navegar num ambiente cada vez mais dinâmico e complexo através de quatro empresas líderes de mercado: MarshGuy CarpenterMercer e Oliver Wyman. Para mais informações, visite o site marshmclennan.com, e siga-nos no LinkedIn e X.

    Related Solutions
      Related Insights
        Related Case Studies
          Curated