Um novo capítulo se inicia

Educação Financeira e Bem-estar Integral 

23 maio 2025

Por que o tema de educação financeira deve estar na mesa dos CEOs brasileiros?

Um dos principais desafios das empresas neste ano será a adequação à Norma Regulamentadora de Número 1 (NR-1), que obriga as companhias a incluírem riscos psicossociais na gestão de segurança e saúde do ambiente de trabalho. A alteração entra em vigor em maio e se junta a outra, na mesma direção, já válida desde janeiro, quando burnout passou a ser reconhecida como doença ocupacional no Brasil.

 

As lideranças também podem aproveitar as novas regras para irem além das exigências legais, usando a oportunidade para construir uma jornada que inclua as melhores práticas de cuidado com os funcionários e estratégias eficazes de bem-estar integral, saúde física, financeira e psicológica.

 

A gestão da saúde mental dos funcionários representa um grande desafio para as empresas. O recente relatório da Mercer - Global Talent Trends 2024 -, revelou que 8 em cada 10 trabalhadores correm risco de burnout, e 43% deles relataram como gatilho o estresse financeiro. 

 

Isso é preocupante, pois, atualmente, um trabalhador perde, em média, 6 horas de trabalho por mês por conta de preocupações com as finanças, de acordo com o levantamento, que entrevistou mais de 12 mil C-levels (CEOs, Diretores, Membros de Conselho e Investidores), e 9.449 funcionários que trabalham em empresas de 16 setores econômicos de 17 países, incluindo o Brasil. 

 

Não há tempo a perder. Há motivos de sobra para que os líderes empresariais adotem esse senso de urgência como um chamado à ação. 

 

A combinação entre o acelerado ritmo de envelhecimento populacional com altos índices de endividamento verificado no País é outro exemplo de que a lição de casa precisa ser levada à frente o quanto antes pela alta gestão das companhias. Afinal, esse cenário já representa impactos diretos nos negócios, com reflexos no bem-estar dos colaboradores e em sua produtividade. 

As organizações precisam se perguntar como está a saúde financeira de seus funcionários. Para se ter uma ideia do problema, dados recentes sobre endividamento indicam que 73,5 milhões de brasileiros fecharam o ano passado em situação de inadimplência, segundo a Serasa. O tíquete médio da dívida é de R$ 1.465,73.

 

Para enfrentar esse cenário, os programas de educação financeira devem trabalhar com o conceito de bem-estar integral, com um olhar no futuro e para as situações imprevistas do dia a dia. É crescente o número de colaboradores acima de 35 anos que já têm na sua agenda financeira o compromisso de custear despesas de saúde dos seus pais e familiares. Muitos precisam de fôlego financeiro para conseguir honrar com esses compromissos. 

 

Quando pensamos no longo prazo, os planos de previdência privada empresarial também cumprem o seu papel de educação financeira.  No entanto, a 31ª edição Pesquisa de Benefícios Corporativos da Mercer, realizada em conjunto com a consultoria Mercer Marsh Benefícios, que analisou cases de 850 empresas brasileiras, mostrou que, em 2023, apenas 51% das companhias ofereciam planos de previdência aos seus trabalhadores. 

 

Esse quadro precisa mudar. Há uma grande demanda dos colaboradores, considerando que 60% se declaram preocupados com a sua situação financeira e admitem que perdem até 6 horas de trabalho por mês por preocupações com dinheiro. Quando as empresas os apoiam, eles reconhecem. Uma pessoa tem cinco vezes mais chances de trabalhar para uma empregadora que a ajude a reduzir suas preocupações financeiras, segundo o relatório Global Talent.

 

Experiências recentes mostram que programas de educação financeira bem estruturados reduzem em mais de 10% a proporção de endividados nas corporações. Além disso, diminui o percentual de endividados que tem brigas em casa ocasionadas por questões financeiras.

 

Por tudo isso, é papel das lideranças fomentar essa cultura de finanças de longo prazo, num momento em que as taxas de poupança interna do País recuaram pelo terceiro ano consecutivo, fechando 2024 com 14,5% do PIB, em níveis inferiores ao do período anterior à pandemia, de acordo com o IBGE. 

 

A preocupação com as finanças é legitima e encontra respaldo nos dados. A aposentadoria é incerta para a esmagadora maioria dos brasileiros. O Brasil conta, hoje, com menos de 2 contribuintes para cada beneficiário da Previdência Social, segundo dados do Ipea. 

 

O quadro, que já é preocupante, deve se tornar crítico a longo prazo. Afinal, a partir de 2051, as projeções apontam que deve haver mais segurados do que pessoas contribuindo para a Previdência, o que aponta para o colapso do sistema.

 

A previdência privada será a alternativa para os trabalhadores qualificados manterem o padrão de vida da ativa na fase de aposentadoria.  

 

Outra frente a ser explorada pelas empresas é a busca por maior satisfação no trabalho, o que aumenta os índices de produtividade. Esse aspecto tem relação direta com a própria sustentabilidade e perenidade do negócio, uma vez que colaboradores que se sentem valorizados têm maiores chances de permanecer na organização. Isso reduz a rotatividade de pessoal e os altos custos associados a processos de recrutamento e treinamento.

 

Para um profissional exercer a plenitude de suas funções, explorar todo o seu potencial e gerar o máximo de resultado para si e para a empresa, são necessários, além das ferramentas de remuneração, ambientes adequados que proporcionem bem-estar integral, o que inclui a saúde física, financeira e psicológica.

 

Razões para agir não faltam. CEOs e lideranças de RHs têm o dever de liderar o processo de educação financeira e promoção de qualidade de vida nas organizações. O bem-estar dá retorno e cria valor para as empresas e seus colaboradores. Investir nessa transformação faz parte da busca por competitividade e atração e retenção de talentos, pilares essenciais do sucesso nos negócios.

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Sobre o autor(es)
Eduardo Marchiori
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